1ª. Dor - Apresentação de meu Filho no templo
Nesta primeira dor veremos como meu coração foi transpassado
por uma espada, quando Simeão profetizou que meu Filho seria a
salvação de muitos, mas também serviria para ruína de outros. A
virtude que aprendereis nesta dor é a da santa obediência. Sede
obedientes aos vossos superiores, porque são eles instrumentos de
Deus.
Quando soube que uma espada Me atravessaria a
alma, desde aquele instante experimentei sempre uma grande dor.
Olhei para o Céu e disse: 'Em vós confio'. Quem confia em Deus
jamais será confundido. Nas vossas penas, nas vossas angústias,
confiai em Deus e jamais vos arrependereis dessa confiança.
Quando a obediência vos trouxer qualquer sacrifício,
confiando em Deus, a Ele entregai vossas dores e apreensões,
sofrendo de bom grado por amor. Obedeçam não por motivos humanos,
mas pelo amor Daquele que por vosso amor se fez obediente até a
morte de Cruz.
2ª. Dor - A fuga para o Egito
Amados filhos, quando fugimos para o Egito, foi grande dor
saber que desejavam matar meu querido filho, aquele que trazia a
salvação! Não me afligi pelas dificuldades em terras
longínquas; mas por ver meu filho inocente, perseguido por ser o
Redentor.
Almas queridas, quanto sofri neste exílio!
Porém tudo suportei com amor e santa alegria por Deus me fazer
cooperadora da salvação das almas. Se fui obrigada a este exílio,
foi para guardar meu filho, sofrendo provações por aquele que um
dia ia ser a chave da mansão da paz. Um dia estas penas serão
convertidas em sorrisos e em força para as almas, porque Ele
abrirá as portas do Céu!
Amados meus, nas maiores
provações pode haver alegria quando se sofre para agradar a Deus e
por seu amor. Em terras estranhas, Eu Me rejubilava por poder
sofrer com Jesus, meu adorável filho!
Na santa
amizade de Jesus e sofrendo tudo por seu amor, não se chama sofrer
senão santificar-se! No meio da dor sofrem os infelizes, que
vivem longe de Deus, os que estão na sua inimizade. Pobres
infelizes, entregam-se ao desespero, porque não têm o conforto da
amizade divina, que dá à alma tanta paz e tanta confiança.
Almas que aceitais vossos sofrimentos por amor a Deus,
exultai de alegria porque grande é vosso merecimento, se
assemelhando a Jesus Crucificado, que tanto sofreu por amor a
vossas almas!
Alegrai-vos todos os que, como Eu,
sois chamados para longe da vossa pátria defender o vosso Jesus.
Grande será a vossa recompensa, pelo vosso SIM à vontade de Deus.
Almas queridas, avante! Aprendei Comigo, a não medir
sacrifícios, quando se trata da glória e dos interesses de Jesus,
que também não mediu sacrifícios para vos abrir as portas da
mansão da Paz.
3ª. Dor - Perda do Menino Jesus
Amados filhos, procurai compreender esta minha imensa dor, quando perdi meu adorável Filho por três dias.
Sabia que meu Filho era o Messias prometido, que contas
daria então a Deus do tesouro que me tinha sido entregue? Tanta
dor e tanta agonia, e sem esperança de encontrá-lo!
Quando O achei no templo, no meio dos doutores, e lhe disse que
me havia deixado três dias em aflição, eis o que Me respondeu:
'Eu vim ao mundo para cuidar dos interesses de meu Pai, que
está no Céu'.
A esta resposta do meigo Jesus, emudeci
e compreendi que sendo o Redentor do gênero humano assim devia
proceder, fazendo sua Mãe, desde aquele instante, tomar parte na
sua missão redentora, sofrendo pela Redenção do gênero humano!
Almas que sofreis, aprendei nesta minha dor a
submeter-vos à vontade de Deus, que muitas vezes vos fere para
proveito de um de vossos entes queridos.
Jesus
me deixou por três dias em tanta angústia para proveito vosso.
Aprendei Comigo a sofrer e a preferir a vontade de Deus à vossa.
Mães que chorais, ao verdes os vossos filhos generosos ouvirem o
chamamento divino, aprendei Comigo a sacrificar o vosso amor
natural. Se vossos filhos forem chamados para trabalhar na vinha
do Senhor, não abafeis tão nobre aspiração, como é a vocação
religiosa. Mães e pais dedicados, ainda que vosso coração sangre
de dor, deixai-os partir, deixai-os corresponder aos desígnios de
Deus, que usa com eles de tanta predileção. Pais que sofreis,
ofertai a Deus a dor da separação, para que vossos filhos, que
foram chamados, possam ser na realidade bons filhos Daquele que os
chamou. Lembrai-vos que vossos filhos a Deus pertencem e não
a vós. Deveis criá-los para servir e amar a Deus neste mundo, e
um dia no Céu O louvarem por toda a eternidade.
Pobres
aqueles que querem prender seus filhos, abafando-lhes a
vocação! Os pais que assim procedem podem levar seus filhos à
perdição eterna e ainda terão que dar contas a Deus no último dia.
Porém, protegendo suas vocações, encaminhando-os para tão nobre
fim, que bela recompensa receberão estes pais afortunados! Ainda
que aqui chorem de saudades e a separação lhes custe muitas
lágrimas, eles serão abençoados! E vós, filhos prediletos que sois
chamados por Deus, procedei como Jesus procedeu comigo:
primeiramente obedecei à vontade de Deus, que vos chamou para
habitar na sua casa, quando diz: 'Quem ama seu pai e sua mãe mais
do que a mim não é digno de Mim'. Vigiai se, por causa de um amor
natural, deixais de corresponder ao chamado divino!
Almas eleitas que fostes chamadas e sacrificastes as afeições mais
caras e a vossa própria vontade para servir a Deus! Grande é
vossa recompensa. Avante! sede generosas em tudo e louvai a Deus
por terdes sido escolhidas para tão nobre fim.
Vós
que chorais, pais, irmãos, regozijai-vos porque vossas
lágrimas um dia converter-se-ão em pérolas, como as minhas se
converteram em favor da humanidade.
4ª. Dor - Doloroso encontro no caminho do Calvário
Amados filhos, contemplai e vede se há dor semelhante a esta
minha, quando me encontrei com meu divino Filho no caminho do
Calvário, carregando uma pesada cruz e insultado como se fosse
um criminoso.
'É preciso que o Filho de Deus seja
esmagado para abrir as portas da mansão da paz!' Lembrei-Me de
suas palavras e aceitei a vontade do Altíssimo, que sempre foi a
minha força em horas tão cruéis como esta.
Ao
encontrá-lo, seus olhos me fitaram e me fizeram compreender a dor
de sua alma. Não pôde Me dizer palavra, porém me fizeram
compreender que era necessário que unisse a minha à Sua grande
dor. Amados meus, a união de nossa grande dor neste encontro tem
sido a força de tantos mártires e de tantas mães aflitas!
Almas que temeis o sacrifício, aprendei aqui neste encontro a
submeter-vos à vontade de Deus, como Eu e meu Filho nos
submetemos! Aprendei a calar-vos nos vossos sofrimentos.
No nosso silêncio, nesta dor imensa armazenamos para vós
riquezas imensuráveis! As vossas almas hão de sentir a eficácia
desta riqueza na hora em que, abatidos pela dor, recorrerdes a
Mim, fazendo a meditação deste encontro dolorosíssimo. O valor do
nosso silêncio se converte em força para as almas aflitas, quando
nas horas difíceis souberem recorrer à meditação desta dor!
Amados filhos, como é precioso o silêncio nas horas de
sofrimentos! Há almas que não sabem sofrer uma dor física, uma
tortura de alma em silêncio; desejam logo contá-la para que todos o
lastimem! Meu Filho e Eu tudo suportamos em silêncio por
amor a Deus!
Almas queridas, a dor humilha e é na
santa humildade que Deus edifica! Sem a humildade, trabalhareis em
vão; vede pois como a dor é necessária para a vossa santificação.
Aprendei a sofrer em silêncio, como Eu e Jesus sofremos neste doloroso encontro no caminho do Calvário.
5ª. Dor - Aos pés da Cruz
Amados filhos, na meditação desta minha dor encontrareis
consolo e força para vossas almas contra mil tentações e
dificuldades e aprendereis a ser fortes em todos os combates de
vossa vida.
Vede-me aos pés da Cruz, assistindo
à morte de Jesus, com a alma e meu coração transpassados com as
mais cruéis dores!
Não vos escandalizeis com o
que fizeram os judeus! Eles diziam: 'Se Ele é Deus, por que não
desce da cruz e se livra a si próprio?!' Pobres judeus, ignorantes
uns, de má fé outros, não quiseram crer que Ele era o Messias.
Não podiam compreender que um Deus se humilhasse tanto e que a sua
divina doutrina pregava a humildade. Jesus precisava dar o
exemplo, para que seus filhos tivessem a força de praticar uma
virtude, que tanto custa aos filhos deste mundo, que têm nas veias
a herança do orgulho. Infelizes os que, à imitação dos que
crucificaram a Jesus, ainda hoje não sabem se humilhar!
Depois de três horas de tormentosa agonia, meu adorável Filho
morre, deixando-me a alma na mais negra escuridão! Sem
duvidar um só instante, aceitei a vontade de Deus, e no meu
doloroso silêncio, entreguei ao Pai minha imensa dor, pedindo,
como Jesus, perdão para os criminosos.
Entretanto,
quem me confortou nesta hora angustiosa? Fazer a vontade de Deus
foi o meu conforto; saber que o Céu foi aberto para todos os
filhos foi meu consolo! Porque Eu também no Calvário fui provada
com o abandono de toda consolação!
Amados
filhos, sofrer em união com os sofrimentos de Jesus encontra
consolo; sofrer por ter feito o bem neste mundo, recebendo
desprezos e humilhações encontra força.
Que glória para vossas almas, se um dia por amar a Deus com todo o vosso coração, fordes também perseguidos!
Aprendei a meditar muitas vezes nesta minha dor, que ela vos
dará força para serdes humildes: virtude amada de Deus e dos
homens de boa vontade.
6ª. Dor - Uma lança atravessa o Coração de Jesus
Amados filhos, com a alma imersa na mais profunda dor, vi
Longuinho transpassar o coração de meu Filho, sem poder dizer
palavra! Derramei muitas lágrimas... Só Deus pode compreender o
martírio desta hora, na alma e no coração!
Depois
depositaram Jesus nos meus braços, não cândido e belo como em
Belém... Morto e chagado, parecendo mais um leproso do que aquele
adorável e encantador menino, que tantas vezes apertei ao meu
coração!
Amados filhos, se Eu tanto sofri, não serei
capaz de compreender vossos sofrimentos? Por que, então, não
recorreis a Mim com mais confiança, esquecidos que tenho tanto
valor diante do Altíssimo?
Porque muito sofri
aos pés da cruz, muito me foi dado! Se não tivesse sofrido tanto,
não teria recebido os tesouros do Paraíso em minhas mãos.
A dor de ver transpassar o Coração de Jesus com a lança,
conferiu-me o poder de introduzir, neste amável Coração, a todos
aqueles que a Mim recorrerem. Vinde a Mim, porque Eu posso vos
colocar dentro do Coração Santíssimo de Jesus Crucificado, morada
de amor e de eterna felicidade!
O sofrimento é
sempre um bem para a alma. Ó almas que sofreis, regozijai-vos
Comigo que fui a segunda mártir do Calvário! A minha alma e meu
coração participaram dos suplícios do Salvador, conforme a vontade
do Altíssimo, para reparar o pecado da primeira mulher! Jesus foi
o novo Adão e Eu a nova Eva, livrando assim a humanidade do
cativeiro no qual se achava presa.
Para
corresponderdes porém a tanto amor, sede muito confiantes em Mim,
não vos afligindo nas contrariedades da vida; ao contrário,
confiai-Me todos os vossos receios e dores, porque Eu sei dar em
abundância os tesouros do Coração de Jesus!
Não
vos esqueçais, Filhos meus, de meditar nesta minha imensa dor,
quando estiver pesada a vossa Cruz. Achareis força para sofrer por
amor a Jesus que sofreu na Cruz a mais infame das mortes.
7ª. Dor - Jesus é sepultado
Amados filhos, quanta dor, quando tive que ver sepultado meu
Filho. A quanta humilhação meu Filho se sujeitou, deixando-se
sepultar sendo Ele o mesmo Deus! Por humildade, Jesus
submeteu-se à própria sepultura, para depois, glorioso,
ressuscitar dentre os mortos!
Bem sabia Jesus o
quanto Eu ia sofrer vendo-o sepultado; não me poupando quis que Eu
também fosse participante na sua infinita humilhação!
Almas que temeis ser humilhadas, vede como Deus amou a
humilhação! Tanto que deixou-se sepultar nos santos Sacrários, a
esconder sua majestade e esplendor, até o fim do mundo! Na
verdade, o que se vê no Sacrário? Apenas uma Hóstia Branca e nada
mais! Ele esconde sua magnificência debaixo da massa branca das
espécies de pão! Em verdade vos digo, não O admirais tanto quanto
Ele merece, por Jesus assim Se humilhar até o fim dos séculos!
A humildade não rebaixa o homem, pois Deus Se humilhou até à sepultura e não deixou de ser Deus.
Amados filhos, se quereis corresponder ao amor de Jesus,
mostrai-lhe que O amais, aceitando as humilhações. A aceitação
da humilhação vos purifica de toda e qualquer imperfeição e,
desprendendo-vos deste mundo, vos faz desejar o Paraíso.
Queridos filhos, apresentei-vos estas minhas sete Dores, não
para queixar-me, mas somente para mostrar-vos as virtudes que
deveis praticar, para um dia estar ao meu lado e ao lado de
Jesus! Recebereis a glória imortal, que é a recompensa das almas
que, neste mundo, souberam morrer para si, vivendo só para Deus!
Vossa Mãe vos abençoa e vos convida a meditar muitas vezes nestas palavras ditadas porque muito vos amo.
Imprimatur:
+ Francisco, Bispo de Campinas
Campinas, 8 de março de 1934
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